Cinema Novo


Foi em clima de transformação social que nasceu, nos anos 60, o Cinema Novo brasileiro – maior movimento do cinema nacional moderno.  Distante das grandes produções norte-americanas, o cinema novo pretendia ser diferente em seu conteúdo e forma. Este movimento foi fortemente inspirado pelo neorrealismo italiano e pela nouvelle vague francesa.

Segundo a pesquisadora Maria do Socorro Carvalho, “a baixa qualidade técnica dos filmes, o envolvimento com a problemática da realidade social de um país subdesenvolvido, filmada de um modo subdesenvolvido, e a agressividade, nas imagens e nos temas, usada como estratégia de criação, definiram os traços gerais do Cinema Novo, cujo surgimento está relacionado com um novo modo de viver a vida e o cinema, que poderia ser feito apenas com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, como prometia o célebre lema do movimento”.

Os principais nomes do Cinema Novo foram: Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Paulo César Saraceni, Leon Hirszman, Carlos Diegues e David Neves.

A intenção principal do movimento era discutir a realidade brasileira em seus diversos aspectos – social, político e cultural, para isso considerava muito relevante conhecer/recuperar a história do país, como forma de mudar o futuro. Entre as principais temáticas abordadas pelos filmes estão: a escravidão, o misticismo religioso, a violência, os acontecimentos políticos, a modernização e os contrastes do país (rural-urbano, rico-pobre, tradicional-moderno), entre outros temas.

Em 1965, Glauber Rocha escreveu “Uma estética da fome”, uma das mais conhecidas referências para pensar o Cinema Novo. O texto tenta traçar a concepção estética que simboliza o movimento. Para Glauber, a sociedade brasileira tinha vergonha de sua fome, o que a induzia a querer ver apenas belas imagens projetadas nas telas. O Cinema Novo intencionava tocar justamente esta ferida. Tal como diversos segmentos artísticos, o movimento também tornou-se vítima do golpe de 64. Muitos cineastas foram presos e perseguidos e algumas produções censuradas.

Principais filmes: Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha), Terra em transe (Glauber Rocha), O dragão da maldade contra o santo guerreiro (Glauber Rocha), Ganga Zumba, rei de Palmares (Carlos Diegues), Garota de Ipanema (Leon Hirszman), Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade), entre outros.

“O Cinema Novo é um projeto que se realiza na política da fome, e sofre por isto mesmo, todas as fraquezas consequentes de sua existência” (Uma estética da fome – Glauber Rocha)


MASCARELLO, Fernando. História do cinema mundial. Campinas, SP: Papirus, 2012.
BERGAN, Ronald. Ismos: para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010.


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