O neorrealismo italiano se insere no
contexto pós-Segunda Guerra Mundial. Os filmes neorrealistas procuram retratar
a realidade da Itália neste período e o duro cotidiano de um país em reconstrução. Pode-se dizer que estas
produções possuem estilo semidocumental e se caracterizam pela utilização de
cenários reais.
Além disso, são marcas do neorrealismo: uso frequente de improvisação, utilização de atores não profissionais, recusa de efeitos visuais, simplicidade
de diálogos e valorização dos dialetos, baixo orçamento, roteiros flexíveis e
temáticas sociais (por exemplo: fascismo, guerra, desemprego, condição da
mulher, entre outros temas).
O marco oficial de início do
neorrealismo se dá com o filme Roma,
cidade aberta (1945), de Roberto Rosselini. O filme era uma reação
explícita ao cinema italiano dos tempos de guerra, marcado pela futilidade dos
temas. Segundo o próprio Rosselini: “o assunto do filme neorrealista é o mundo,
não a história ou a narrativa. Não há teses preconcebidas, porque as ideias
nascem do assunto do filme. Não há afinidade com o supérfluo e o meramente
espetacular, mas a atração para o concreto”. Pode-se dizer que transcende as
fronteiras entre ficção e realidade. O neorrealismo alimentou não apenas o
cinema italiano posterior, mas teve ampla influência sobre o cinema mundial,
por sua vocação transgressora, engajamento, humanismo e postura
anti-hollywoodiana, que vai claramente influenciar os movimentos
cinematográficos dos anos 60.
“Não sei quanto o cinema italiano do pós-guerra mudou nossa maneira de
ver o mundo, mas com certeza mudou nossa visão do cinema (de qualquer um, até
mesmo o americano). Não existia mais um mundo na tela iluminada na sala escura
e, fora dela, um outro, heterogêneo, separado por uma clara descontinuidade,
oceano e abismo. A sala escura desaparecia, a tela era uma lente de aumento que
focalizava o cotidiano de fora, obrigada a se fixar naquilo sobre o que o olho
nu tende a passar sem prestar a atenção” (Fazer um filme – Federico Fellini).
Produções importantes: Ladrões de bicicleta (1948) e Umberto D. (1952), de Vittorio de Sica, Roma, cidade aberta (1945), de Roberto
Rossellini, A estrada da vida (1954),
de Federico Fellini.
MASCARELLO, Fernando. História do cinema mundial. Campinas, SP:
Papirus, 2012.
BERGAN, Ronald. Ismos: para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010.
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