O primeiro cinema pode ser dividido em duas fases. A primeira corresponde ao chamado cinema de atrações (de 1894 a 1906/1907). A segunda fase é nomeada período de transição, quando os filmes passam gradualmente a se estruturar como narrativa (de 1906 a 1913/1915).
Cinema de atrações
O cinema de atrações tinha estratégia apresentativa, com
objetivo de surpreender o espectador. Caracterizava-se como espetáculo visual. Era o exibidor
quem ordena o espetáculo. Os cenários eram simples e o deslocamento dos atores
de dava pelas laterais, reforçando o caráter de teatro.
Entre os produtores importantes desta fase estão:
Georges Méliès – mágico francês, criador dos primeiros filmes de truques
(mistura de cinema e ilusionismo). Irmãos Lumière – apesar de documentarem
muitas cenas cotidianas, também foram responsáveis por uma das primeiras
ficções do cinema. Edwin Porter –
projecionista e técnico de fotografia, estava a meio caminho entre imagens
pré-cinematográficas, como a lanterna mágica, e a linguagem narrativa do
cinema.
Neste período do primeiro cinema tem-se
a popularização dos nickelodeons. Ao contrário dos pequenos cafés e teatros, estes
novos ambientes eram adaptados para um grande público, em geral trabalhadores
com poucos recursos. O ingresso custava cinco centavos de dólar ou um níquel.
Usualmente utilizava-se o espaço de grandes armazéns e depósitos. Os
nickelodeons se espalharam por todo os Estados Unidos – eles marcam o início de
uma atividade cinematográfica industrial.
Período de transição
A partir de 1907, os filmes
passam a utilizar convenções narrativas cinematográficas, em busca de construir
enredos auto-explicativos. A exibição de filmes passa a ser dominada pelos
luxuosos palácios de cinema. Os grandes produtores buscam acabar com o chamado
“teatro de populares”. Neste período os filmes passam a ser mais compridos e
duram cerca de 15 minutos, além disso usam mais planos e contam histórias mais complexas.
Também nesta fase tem-se uma crescente divisão do trabalho e especialização
dentro do cinema – surgem diretores, roteiristas, cenógrafos etc.
Começa a se utilizar planos mais
próximos , não mais apenas long shots, na tentativa de tornar as expressões mais visíveis; personagens mais realistas
(com aprofundamento psicológico) e uso de intertítulos. Na busca pela conexão entre os planos, surgem
três estilos básicos de montagem: montagem alternada, montagem analítica (plano
geral/plano próximo), montagem em contiguidade (busca por manter a direção do movimento).
Um nome importante deste período é David Griffith, diretor
norte-americano que entre 1908 e 1913 dirigiu mais de 400 filmes. Griffith torna
visível a presença do narrador a partir do uso de planos alternados. A narrativa
cinematográfica aprimora-se muito com Griffith. Posteriormente seu
estilo cai em desuso, pois o cinema clássico vai privilegiar a montagem
“invisível”. Em 1915, lançou o mais longo filme que os americanos já tinham
visto, O nascimento de uma nação.
Este filme começou a estabelecer o longa metragem como norma e não mais como exceção.
MASCARELLO, Fernando. História do cinema mundial. Campinas,
SP: Papirus, 2012.
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